Carlos Eduardo Borges Lacerda - o Cacá e o depoimento de sua mãe

Na madrugada do dia 17 de novembro de 1978, no hospital Santo Antônio nasceu o 4º. filho do casal Almerinda e Otaviano Lacerda, um bebê saudável e recebeu o nome de Carlos Eduardo Borges Lacerda. Foi uma grande alegria para o casal e os 3 irmão. Sua infância foi tranqüila, brincava muito, tinha muitos amigos e recebia muito carinho por parte dos pais, irmão e demais familiares. Tinha uma preferência muito grande pelos brinquedos eletrônicos.
Aos 6 anos começou a freqüentar a escola, sem nenhum problema, era desinibido e gostava de participar de festinhas e auditório. Cacá, como ficou sendo chamado, cumpria bem suas atividades escolares. Os anos se passaram e este garoto que até então era tranqüilo e meigo começou a demonstrar um pouco de agressividade. Começou a dar problemas na escola, com professores e colegas. Não cumpria suas atividades escolares e às vezes não queria ir para escola. Não mudamos o tratamento com ele, sempre com carinho chamávamos sua atenção, sem resultado algum. Foi então que colocamos o Cacá para trabalhar como boy num escritório de contabilidade. Já estava ele com 13 anos e bem rebelde, não tinha responsabilidade, pois saia para fazer serviços de rua e demorava demais e as vezes nem voltava. Com o dinheiro que ganhava começou a freqüentar os piores bares para jogar fliperama e começou a beber pequenas doses de pinga ou conhaque, havia influência dos “amigos” que de certa forma não eram boas companhias. Uma cervinha aqui, uma pinga ali, uma noitada fora, foi assim que tudo começou.
O nosso erro foi achar que isso era passageiro, que era coisa de adolescente. Os anos foram passando e ele caiu pra valer na bebida. Ficava o dia inteiro no bar e boa parte da noite.
Assim surgiram as conseqüências: dívidas, cheques sem fundo, brigas com a família, com a esposa, ressaca moral, abandono do filho etc. Ficou 2 anos sem trabalhar, estava completamente desacreditado.Fez vários tratamentos: psicológicos, psiquiátricos, mas tudo em vão. Encontrou um trabalho, mas não tinha responsabilidade com a casa, o seu dinheiro era exclusivamente para suas noitadas e bebedeiras. Já não conversava mais com seus familiares: mãe, irmão, esposa e filho. Vivia mergulhado na pinga. Minha vida era chorar e rezar para que Deus olhasse para o Cacá nem que fosse de longe, pois brigar com ele, chamar sua atenção, era pior. Já estava com 28 anos e numa bela tarde de junho de 2007, depois de uns 20 dias de bebedeira, seguidos, dia e noite sem parar, ele chega perto de mim e pede ajuda. Olhei para ele e pude ver naquele rosto desfigurado, que ele estava sendo sincero. Ele realmente queria ajuda.
Prontifiquei-me na hora e providenciei o internamento dele em uma fazendinha de recuperação na cidade de Conceição do Pará. Foi triste a separação, pois são 9 meses afastado da família. A comunicação é só por meio de cartas e uma visita mensal. Mas foi ótimo! Ele fez uma excelente caminhada, com a ajuda dos familiares, principalmente da esposa e filho. Lá ele cresceu espiritualmente e encontrou Deus em sua vida, lá ele renasceu de novo, renasceu para a vida e para família. Hoje posso dizer o Cacá é uma outra pessoa; bom, educado, meigo, carinhoso, responsável, trabalhador. Abandonou os amigos da cachaça e escolheu novos amigos.
Ele é uma pessoa feliz que tem Deus em sua vida. Hoje seu principal objetivo é ajudar as pessoas que tem dependência química. Trabalha na Comunidade Terapêutica São Francisco de Assis e se dedica de corpo e alma. Sei que sua caminhada não para por aqui, é para sempre.
Mas com a ajuda de Deus, da família e sua grande vontade de vencer o vício, tudo vai dar certo.
Com carinho, sua mãe Almerinda.